terça-feira, 30 de novembro de 2010

Um novo registro e uma boa notícia.


Passeando no sábado de manhã pela Serra com minha namorada pude observar pela primeira vez um Beija-flor-de-orelha-violeta (Colibri serrirostris). Vários indivíduos voavam e cantavam junto a beira dágua. É uma espécie bem dócil, permite boa aproximação e tem como marca registrada pequenos tufos de pena violetas na lateral da cabeça. É a décima primeira espécie de beija-flor registrada por aqui.

No mesmo sábado pude ouvir o canto de mais um trinca-ferro(Saltator similis) (já havia fotografado um na quinta-feira) Oque é bom sinal, já que se trata de uma espécie muito procurada por caçadores e gaioleiros a ponto de quase ter sumido da região. Mais uma vez se trata da natureza reagindo e não de uma maior conscientização das pessoas que continuam a capturar e comprar aves dessa espécie por preços altíssimos. Vale ressaltar que o comprador da ave é tão responsável pelo suplício das "aves de gaiola" quanto quem caça e vende. No mesmo dia registramos a presença de tangarás, tico-ticos-do-campo e várias espécies cada vez mais comuns no local como a maria-preta-de-penacho e saira-de-chapé-preto.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Aves da Serra




Durante quase dois anos venho fotografando a fauna em vários pontos da Serra, nesse periodo registrei mais de 140 espécies de aves (são 170 espécies incluindo a área urbana de Votorantim). Algumas raras, não são avistadas em nenhum outro local da região de Sorocaba como o Gavião-caracoleiro (Chondrohierax uncinatus) e a Águia-pescadora (Pandion haliaetus).
Aves típicas de mata atlântica são vistas nas matas próximas a represa, tangarás, beija-flores multicoloridos como o estrelinha-ametista (
Calliphlox amethystina) na foto e o Barbudo-rajado (Malacoptila striata). A presença dessas espécies está totalmente ligada aos fragmentos de mata que ainda temos. Se perdemos a mata perdemos também as aves, e se perdemos as aves a cidade fica menos colorida, mais cinza e triste.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A Serra São Francisco


A Serra de São Francisco fica localizada no município de Votorantim SP, cidade conhecida nacionalmente pela produção de cimento. A região onde se encontra é parte do reservatório de Itupararanga que é uma APA (área de proteção ambiental) e também nascente do Rio Sorocaba e manancial que abastece de água potável vários municípios da região.
O local é de especial interesse ecológico por representar um ultimo refúgio a fauna e flora na região. Uma última linha de pequenos fragmentos de mata atlântica que se liga a áreas maiores de mata dos municípios de Piedade e Ibiuna que ainda preservam uma grande diversidade natural de espécies, muitas dessas ameaçadas de extinção como o Gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus), o Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) e a Araponga (Procnias nudicollis) presentes também nas áreas de mata da Serra! Entre mamíferos, aves, plantas e insetos são centenas de espécies que encontram na região um ultimo refúgio antes da absoluta falta de habitat natural em grandes cidades como Sorocaba.

Nos ultimos anos a Serra de São Francisco vem encontrando ameaças diversas a seus ultimos fragmentos de mata ainda preservada. A exploração imobiliária nas margens da represa por empresários ricos da região e da cidade de São Paulo que constroem grandes mansões sem se importar com leis e impactos ambientais, agricultures que além de promover queimadas e corte de árvores nativas, usam a agua do reservatório para irrigação, o apetite sem fim das Industrias Votorantim pelo eucalipto que já cobre uma grande parte da região onde originalmente havia mata atlântica. E sobreturo o mais completo desinteresse da população da cidade com a questão ambiental.

Esse blog foi criado por acreditar na boa vontade dos habitantes da região, acredito que a falta de iniciativa das pessoas em defender a Serra de São Francisco se dê principalmente por desconhecimento da importância que ela representa para a fauna e flora que ainda temos e não por conivência com interesses que são tão danosos a vida dos animais quanto de todos nós. Fico imaginando que ao tomar conhecimento por meio de fotos e artigos publicados aqui por mim e por quem mais queira colaborar, dos abusos cometidos por pessoas ou indústrias contra a natureza, começaremos aos poucos a exigir mudanças, a estabelecer limites, a dizer não. Eu quero mostrar quem está lá, na cara assustada do cervo, no voô de uma raríssima águia-pescadora ou no olhar de curiosidade de um cachorro-do-mato, sofrendo e esperando que alguém ajude.